Aula 12 - 27.10.2015

Dando continuidade às apresentações, o oitavo grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Ação em forma de seminário virtual. Sobre este tema destacam-se alguns pontos como:

- Segundo David (2005), é difícil de definir a Pesquisa-Ação por duas razões interligadas: primeiro, é um processo tão natural que se apresenta, sob muitos aspectos, diferentes; e segundo, ela se desenvolveu de maneira diferente para diferentes aplicações

- Segundo Molina, a Pesquisa-Ação é uma metodologia coletiva que favorece as discussões e a produção cooperativa de conhecimentos específicos sobre a realidade vivida, a partir da perspectiva do esmorecimento das estruturas hierárquicas, e das divisões em especialidades, que fragmentam o cotidiano. Se constitui enquanto prática desnaturalizadora e tem como foco principal de análise as redes de poder e o caráter desarticuladores dos discursos e das práticas instituídas no convívio social.

- A Pesquisa-Ação educacional é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos, mas mesmo no interior da pesquisa-ação educacional surgiram variedades distintas.

- É importante que se reconheça a Pesquisa-Ação como um dos inúmeros tipos de investigação-ação, que é um termo genérico para qualquer processo que siga um ciclo no qual se aprimora a prática pela oscilação sistemática entre agir no campo da prática e investigar a respeito dela. Planeja-se, implementa-se, descreve-se e avalia-se uma mudança para a melhora de sua prática, aprendendo mais, no correr do processo, tanto a respeito da prática quanto da própria investigação.




- A Pesquisa-Ação tenda a ser pragmática, ela se distingue claramente da prática e, embora seja pesquisa, também se distingue claramente da pesquisa científica tradicional, principalmente porque a pesquisa ação ao mesmo tempo altera o que está sendo pesquisado e é limitada pelo contexto e pela ética da prática.

- A Pesquisa-Ação deve ser contínua e não repetida ou ocasional, porque não se pode repetidamente realizar pesquisas-ação sobre a prática de alguém, mas deve-se regularmente trabalhar para melhorar um aspecto dela, de modo que deva ser mais frequente do que ocasional.


O nono e último grupo a se apresentar escolheu o tema Estudo de caso em forma de painel. Sobre este tema destacam-se alguns pontos como:

- Para Goode e Hatt, o Estudo de caso é um meio de organizar os dados, preservando do objeto estudado o seu caráter unitário. Considera a unidade como um todo, incluindo o seu desenvolvimento (pessoa, família, conjunto de relações ou processos).

- Segundo Yin, o Estudo de caso representa uma investigação empírica e compreende um método abrangente, com a lógica do planejamento, da coleta e da análise de dados. Pode incluir tanto, estudos de caso único quanto de múltiplos, assim como abordagens quantitativas e qualitativas de pesquisa.

- Na posição de Lüdke e André, o Estudo de caso como estratégia de pesquisa é o estudo de um caso, simples e específico ou complexo e abstrato e deve ser sempre bem delimitado. Pode ser semelhante a outros, mas é também distinto, pois tem um interesse próprio, único, particular e representa um potencial na educação. Destacam em seus estudos as características de casos naturalísticos, ricos em dados descritivos, com um plano aberto e flexível que focaliza a realidade de modo complexo e contextualizado.

- Conforme os objetivos da investigação, o Estudo de caso pode ser classificado de intrínseco ou particular, quando procura compreender melhor um caso particular em si, em seus aspectos intrínsecos; instrumental, ao contrário, quando se examina um caso para se compreender melhor outra questão, algo mais amplo, orientar estudos ou ser instrumento para pesquisas posteriores, e coletivo, quando estende o estudo a outros casos instrumentais conexos com o objetivo de ampliar a compreensão ou a teorização sobre um conjunto ainda maior de casos.

- Como qualquer pesquisa, o Estudo de caso o é geralmente organizado em torno de um pequeno número de questões que se referem ao como e ao porquê da investigação.

- Segundo Gil, o Estudo de caso não aceita um roteiro rígido para a sua delimitação, mas é possível definir quatro fases que mostram o seu delineamento:

a) delimitação da unidade-caso;
b) coleta de dados;
c) seleção, análise e interpretação dos dados;
d) elaboração do relatório.

- Os Estudos de caso têm várias aplicações. Uma grande utilidade dos estudos de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. São úteis também na exploração de novos processos ou comportamentos, novas descobertas, porque têm a importante função de gerar hipóteses e construir teorias.

- Sobre as vantagens dos Estudos de caso, pode-se dizer que: estimulam novas descobertas, em função da flexibilidade do seu planejamento; enfatizam a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando-o como um todo e apresentam simplicidade nos procedimentos, além de permitir uma análise em profundidade dos processos e das relações entre eles.

- Mas há também limitações. Uma delas é a dificuldade de generalização dos resultados obtidos. Pode ocorrer que a unidade escolhida para investigação seja bastante atípica em relação às muitas da sua espécie. Naturalmente, os resultados da pesquisa tornar-se-ão bastante equivocados. Por essa razão, cabe lembrar que, embora o estudo de caso se processe de forma relativamente simples, pode exigir do pesquisador muita atenção e cuidado, principalmente porque ele está profundamente envolvido na investigação.


Os materiais utilizados nesta postagem são:

- LUDKE, M.; MEDA, A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU;1986.

- TRIPP, D. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 31, n. 3, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v31n3/a09v31n3.pdf>

- VENTURA, M.M. O estudo de caso como modalidade de pesquisa. 2007. Disponível em: < http://unisc.br/portal/upload/com_arquivo/o_estudo_de_caso_como_modalidade_de_pesquisa.pdf>
  
- Yin R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2a ed. Porto Alegre: Bookman

Aula 11 - 20.10.2015

Dando continuidade às apresentações, o sétimo grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Bibliográfica em forma de painel. Sobre este tema destacam-se alguns pontos como:

- Pesquisa Bibliográfica é o levantamento de um determinado tema, processado em bases de dados nacionais e internacionais que contêm artigos de revistas, livros, teses e outros documentos.

- A Pesquisa Bibliográfica é uma etapa fundamental em todo trabalho científico e inclui algumas etapas como: levantamento, seleção, fichamento e arquivamento de informações relacionadas à pesquisa.

- O acesso à bibliografia pode ser feito de dois modos básicos: manualmente ou eletronicamente. O primeiro consiste em pesquisar diretamente nos livros de referências disponíveis na biblioteca como o Index Medicus, Index Medicus Latino-Americano, Review of Respiratory Disease e Current Contents in Clinical Medicine.

- Conforme Andrade (1997) uma Pesquisa Bibliográfica pode ser desenvolvida como um trabalho em si mesmo ou constituir-se numa etapa de elaboração de monografias, dissertações, etc. Enquanto trabalho autônomo, a pesquisa bibliográfica compreende várias fases, que vão da escolha do tema à redação final.

- A Pesquisa Documental é ás vezes confundida com a Pesquisa Bibliográfica. Enquanto que na primeira os materiais ainda não receberam tratamento analítico (fontes primárias), a segunda tem contribuições de diferentes autores sobre o tema (fontes secundárias).

Os materiais utilizados nesta postagem são:

- AMARAL, J.J.F. Como fazer uma pesquisa bibliográfica. 2007. Disponível em: <https://cienciassaude.medicina.ufg.br/up/150/o/Anexo_C5_Como_fazer_pesquisa_bibliografica.pdf>


- ANDRADE, M. M. Introdução à Metodologia do trabalho científico. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. Disponível em: <ttp://www.metodologiacientifica.com.br/fpa/pesquisabibliografica.pdf>

Aula 10 - 13.10.2015

Dando continuidade ás apresentações, o sexto grupo a se apresentar, e do qual eu faço parte, escolheu o tema Pesquisa Experimental em forma de seminário presencial. Sobre este tema destacam-se alguns pontos:

-Atualmente existem várias modalidades de pesquisas científicas. Uma primeira diferenciação que se pode fazer é entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa, ou seja, quanto à forma de abordagem.

-A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, por exemplo. Nelas, os pesquisadores se opõem a um modelo único de pesquisa para todas as ciências, uma vez que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. Assim, os pesquisadores qualitativos rejeitam o modelo positivista aplicado ao estudo da vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa. (Goldenberg, 1999). Esses mesmo pesquisadores buscam explicar o porquê das coisas, explicando o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos.

-Já na pesquisa quantitativa, os pesquisadores buscam revelar as relações de dependência funcional entre variáveis para tratarem do como dos fenômenos. Eles procuram identificar os elementos constituintes do objeto estudado, estabelecendo a estrutura e a evolução das relações entre os elementos. Seus dados são métricos e as abordagens são experimental, hipotético-dedutiva, verificatória.

-Considerando os dois parágrafos anteriores, conclui-se então que Pesquisa Experimental trata-se de uma pesquisa quantitativa.

-Para Gil (2007), a Pesquisa Experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.

-Segundo Fonseca (2002), a pesquisa experimental seleciona grupos de assuntos coincidentes, submete-os a tratamentos diferentes, verificando as variáveis estranhas e checando se as diferenças observadas nas respostas são estatisticamente significantes. Os efeitos observados são relacionados com as variações nos estímulos, pois o propósito da pesquisa experimental é apreender as relações de causa e efeito ao eliminar explicações conflitantes das descobertas realizadas.

-A pesquisa experimental pode ser desenvolvida em laboratório (onde o meio ambiente criado é artificial) ou no campo (onde são criadas as condições de manipulação dos sujeitos nas próprias organizações, comunidades ou grupos).

-É uma pesquisa quantitativa, pois defende que a compreensão deve vir da análise das relações entre as variáveis.

-Uma pesquisa experimental envolve algumas etapas como: planejamento rigoroso, formulação do problema e das hipóteses, selecionar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos.

-As variáveis a serem estudadas devem fazer parte de qualquer projeto de pesquisa desde o seu início. O papel principal da variável é estabelecer, objetivamente, o sucesso ou insucesso da hipótese da pesquisa. 

-Por definição, uma variável pode ser entendida como os aspectos, propriedades ou fatores reais ou potencialmente mensuráveis e discerníveis em um objeto de estudo, como por exemplo: salário, idade, sexo, profissão, cor, taxa de natalidade, etc.

-Dento da pesquisa experimental, há três tipos de variáveis: independente, dependente e interveniente.
  • A variável independente é o fator, causa ou antecedente que determina a ocorrência de outro fenômeno, efeito ou consequente.
  • A variável dependente é o fator, propriedade, efeito ou resultado decorrente da ação da variável independente.
  •  A variável interveniente é a que modifica a variável dependente sem que tenha havido modificação na variável independente.

-Considerando os estudos de Piaget, um exemplo prático de Pesquisa Experimental foram os testes aplicados em crianças de diferentes faixas etárias. Ao esconder um objeto de algumas crianças, Piaget observou que apenas as crianças a partir de oito meses de idade eram capazes de enxergar o brinquedo depois de escondido. Ou seja, nesse exemplo podem-se identificar três tipos de variáveis:
  • A criança é a variável dependente;
  •  O teste é a variável independente;
  • A variação da idade é interveniente, modificando a variável dependente uma vez que esta intimamente relacionada à mudança da idade da criança.


Os materiais de apoio utilizados nesta postagem são:

-FRANCIS BACON: TEORIA E MÉTODO. Disponível em:<http://www.cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_37/EraUmaVez.html >

-GUNTHER, H. Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Esta É a Questão? Universidade de Brasília, 2006, vol. 22, n. 2, p.201-210.

-LOPES, O.U. Pesquisa básica versus pesquisa aplicada.

-PESQUISA INSTRUMENTAL: UM INSTRUMENTO PARA PESQUISAS MERCADOLÓGICAS. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v11n2/v11n2a02.pdf>

-SANTOS FILHO, J.C. Pesquisa quantitativa versus pesquisa qualitativa: o desafio paradigmático. In: SANTOS FILHO, J. C.; GAMBOA, S. S. (Orgs.). Pesquisa educacional: quantidade-qualidade. 3.ed. São Paulo: Cortez, p.13-59, 2000. (Coleção Questões da Nossa Época – v.42).

-SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 21 ed., São Paulo: Cortez, 2000.

Aula 09 - 06.10.2015

Dando continuidade às apresentações, o terceiro grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Histórica em forma de seminário. Considerando a apresentação do grupo e a leitura de alguns textos, destacam-se alguns pontos sobre esse tipo de pesquisa:

- A Pesquisa Histórica pode ser definida como pesquisa analítica, pois envolve o estudo e avaliação aprofundados de informações disponíveis na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno. Também é o tipo de pesquisa que investiga eventos que já tenham ocorrido, utilizando métodos descritivos e analíticos. Em alguns estudos históricos, o investigador está propriamente interessado em preservar o registro de eventos e realizações passadas. Nesses estudos procura utilizar o método histórico-descritivo para mapear a experiência passada, localizar no tempo e espaço uma pessoa, uma tendência, um evento ou uma organização, a fim de providenciar respostas para questões particulares. Em outros estudos históricos, o investigador está mais preocupado em descobrir fatos que providenciarão maior compreensão e significância de eventos passados para explicar a situação presente ou estado atual do fenômeno estudado. Nesses estudos é utilizado o método histórico-analítico para abordar o evento na tentativa de encontrar informações sobre como o evento ocorreu, quem o provocou, porque foi provocado, quais as possíveis consequências atribuídas, entre outras

O quarto grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Participante. Considerando a apresentação do grupo e a leitura de alguns textos, destacam-se alguns pontos sobre esse tipo de pesquisa:

- As pesquisas qualitativas envolvem a observação intensiva e de longo tempo num ambiente natural, o registro preciso e detalhado do que acontece no ambiente e a interpretação e análise de dados utilizando descrições e narrativas. Desse modo, pesquisas qualitativas podem ser: etnográfica, naturalista, interpretativa, fenomenológica, pesquisa-participante e pesquisa-ação.

- Fals Borda (in Brandão, 1988), estabeleceu alguns princípios metodológicos da Pesquisa Participante começando com Autenticidade e Compromisso.
Autenticidade no sentido de produzir um saber que parte do saber do seu sujeito-objeto, constituído na prática comunitária, demonstrando com transparência e honestidade um compromisso com o saber a ser construído contribuindo com os princípios específicos da ciência sem a necessidade do disfarce como sujeito de origem da área delimitada para o estudo.
Outro princípio é o Antidogmatismo que busca romper com algumas ideias preestabelecidas ou princípios ideológicos. Para Fals Borda o dogmatismo é, “por definição, um inimigo do método científico”. Isso não implica dizer que o pesquisador não seja um sujeito ideologicamente identificado com uma proposta política. Mas sua intervenção não pode ser aquela da falsa consciência, de deturpação da realidade, que captam apenas pela aparência e não pela essência. A ideologia “é parte inevitável do negócio científico, ou no sujeito, ou no objeto, ou em ambos. A própria condição de sujeito cognoscente acarreta o reconhecimento de que ideologia é intrínseca na própria interpretação da realidade” (Demo, 2000).

- Por ser crítica-dialética, a Pesquisa Participante busca envolver aquele que pesquisa e aquele que é pesquisado no estudo do problema a ser superado, conhecendo sua causa, construindo coletivamente as possíveis soluções. A pesquisa será feita com o envolvimento do sujeito-objeto. O pesquisador não só passa a ser objeto de estudo, assim como os sujeitos-objetos são igualmente pesquisadores onde todos, pesquisador e pesquisados, identificam os problemas, buscam-se conhecer o que já é conhecido a respeito do problema, discutem as possíveis soluções e partem para a ação, seguido de uma avaliação dos resultados obtidos.

- Na Pesquisa Participante os saberes dos indivíduos construídos no cotidiano da vida comunitária é parte importante no processo de construção do conhecimento. 

- Esse tipo de pesquisa é, também, uma forma de praticar a ciência sem valores absolutos no conhecimento científico porque este varia conforme os interesses e objetivos dos indivíduos, ou grupo de indivíduos, envolvidos na construção e acumulação do conhecimento. Então, quem pratica esse tipo de pesquisa deve estabelecer uma comunicação diferenciada, de acordo com o nível de desenvolvimento político e educacional dos grupos de base daqueles que fornecem a informação. Nada de linguagem rebuscada, erudita, que foge à compreensão dos indivíduos envolvidos na pesquisa. A comunicação deve ser simples para ser acessível a todos e todas. O pesquisador deve aprender a ouvir os discursos com diferentes sintaxes culturais e adotar a humildade daqueles que desejam aprender a aprender.

-Para entender claramente a Pesquisa Participante é preciso reconhecer que o problema a ser conhecido para ser solucionado tem origem na própria comunidade e a finalidade desse tipo de pesquisa é a mudança das estruturas com vistas à melhoria de vida dos indivíduos envolvidos (Demo in Brandão, 1994; Minayo, 2004; Fals Borda in Brandão, 1988). Neste caso, pesquisador é aquele que teve formação especializada, mas também se estende aos indivíduos do grupo que participa da construção do conhecimento, tendo como princípio filosófico a conscientização do grupo de suas habilidades e recursos disponíveis.

O quinto grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Documental. Considerando a apresentação do grupo e a leitura de alguns textos, destacam-se alguns pontos sobre esse tipo de pesquisa:

- Segundo Gil (2008), a Pesquisa Documental é muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas etc.


- Segundo Santos (2000), a Pesquisa Documental é realizadas em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza (pintura, escultura, desenhos, entre outros), notas, diários, projetos de lei, ofícios, discursos, mapas, testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos.

- Para Ludke e André (1986), a análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema.

Os materiais de apoio utilizados nesta postagem são:

-BORDA, O. F. Aspectos teóricos da pesquisa participante: considerações sobre o significado do papel da ciência na participação popular.  In: BRANDÃO, C. R. (Org.).  Pesquisa Participante. 7 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.

-BRANDÃO, C.R.; BORGES, M.C. A pesquisa participante: um momento da educação popular. 2007, v. 6, n.1. Disponível em: < http://www.seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/19988/10662>

-DEMO, P. Pesquisa e Construção do Conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro, 2000.

-GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

-LUDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986.

-MINAYO, M.C.S. (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 23 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1994.

-Pesquisa Histórica e desafios. Disponível em: <https://pesquisahistoricaurca.wordpress.com/>

- SANTOS A.R. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 3 ed., Rio de Janeiro, DP&A, 2000.

- Tipos de pesquisa considerando os procedimentos utilizados. Disponível em: <http://www.ergonomia.ufpr.br/Tipos%20de%20Pesquisa.pdf>

Aula 08 - 29.09.2015

A partir desta aula iniciaram-se as apresentações dos seminários e painéis.

O primeiro grupo a se apresentar escolheu tema Pesquisa Narrativa em forma de painel. Para melhor entendimento do assunto, abaixo encontram-se algumas definições de Pesquisa Narrativa segundo diferentes autores. 

- Para Mello (1999), quando se fala em narrativa, pensa-se logo no texto narrativo da literatura. Ao se pensar no termo "narrativa” como algo relacionado com histórias, inicia-se um processo de não aceitação desse tipo de discurso no contexto acadêmico, já que, em geral, histórias não parecem conter o nível de veracidade e verdade que se exige nos meios acadêmicos.

- Em Mello (2005), dependendo da concepção de narrativa que se tenha, sua aplicação em estudos acadêmicos pode seguir caminhos diversos. Alguns autores denominam Pesquisa Narrativa como os estudos desenvolvidos sobre as narrativas da literatura. Debruçam-se sobre autores como Dostoyevisky, por exemplo, e assumem como foco o estudo da narrativa em suas obras, detendo-se a investigar estilo, linguagem e considerações sobre o autor e o contexto histórico em que viveu. 

- Ochs (2001) toma o foco para o estudo de diálogos do dia a dia das pessoas, tentando ver de que forma esses diálogos desenvolvem uma narrativa implícita e como as pessoas envolvidas nos diálogos reagem ou respondem ao desenvolvimento da narrativa durante a conversa registrada. Nesses casos, a relação pesquisador-pesquisado não parece relevante, já que após obtenção dos dados gravados, parece não haver muita interação entre os mesmos.

- Diferentemente, a Pesquisa narrativa conforme abordada por Clandinin e Connelly (2000) é o estudo da experiência como história, assim, é principalmente uma forma de pensar sobre a experiência. Ainda para esses autores, a narrativa é o método de pesquisa e ao mesmo tempo o fenômeno pesquisado.

- É importante ressaltar que, apesar de que a Pesquisa Narrativa possa ser desenvolvida com base em artes, como apontado por Diamond (1999), isso não implica que seja sempre baseada em artes. Embora em muitos dos estudos em Pesquisa Narrativa haja ampla utilização de metáforas, poemas, ficção e outras formas de arte como representação dos dados de pesquisa, há outros que embora ainda com alto nível de subjetividade não utilizam nenhum tipo de arte.

Sobre a metodologia da Pesquisa Narrativa, pode-se dizer que:

- Para Connelly & Clandinin (2004), uma Pesquisa Narrativa pode ser desenvolvida apenas pelo contar de histórias (telling), ou pelo vivenciar de histórias (living).  A Pesquisa Narrativa vem sendo desenvolvida em diversas áreas e em relação às organizações, por exemplo, é possível desenvolver esse tipo de pesquisa com o intuito de dar voz aos funcionários das empresas sobre os processos nela vividos. Em geral, as pesquisas do mundo administrativo nas corporações voltam-se para o que pensam os gerentes, diretores e executivos, deixando a grande massa operária de fora das pesquisas qualitativas (Czarniawska, 1997). Portanto, parece interessante abrir espaço para que se ouça as histórias dos trabalhadores em relação as estratégias empresariais adotadas, considerando seu conhecimento prático profissional relacionado com a empresa. Essa é uma proposta de Pesquisa Narrativa que não necessariamente enfocaria as histórias pessoais dos participantes. É possível também trabalhar a Pesquisa Narrativa com crianças, como fazem vários mestrandos e doutorandos. Neste caso, não são autobiografias que estão sendo desenvolvidas, mas sim estudos sobre as histórias que as crianças vivem no contexto escolar. Na perspectiva apontada por Connelly e Clandinin (2000 e 2004) a pesquisa narrativa não é sinônimo de autobiografia, é apenas uma de suas diversas possibilidades. 

- Connelly e Clandinin (1995) retoma uma especificidade importante acerca das narrativas: a temporalidade. Ressaltam que o tempo é um fenômeno que não pode ser desconsiderado nesse tipo de pesquisa, pois ao contar uma história, o autor-narrador articula a tríade temporal: presente, passado e futuro. Segundo Thomson (1997), “ao narrar uma história, identificamos o que pensamos que éramos no passado, quem pensamos ser no presente e o que gostaríamos de ser no futuro”. Em outras palavras, a história é narrada no presente, mas remete tanto o autor quanto o ouvinte às experiências vivenciadas no passado, com projeções para o futuro.

O segundo grupo a se apresentar escolheu tema Pesquisa Etnográfica em forma de seminário presencial.  Diante da apresentação do grupo e da leitura de alguns artigos, podem-se destacar alguns pontos sobre o tema em questão:

- A pesquisa etnográfica apresenta e traduz a prática da observação, da descrição e da análise das dinâmicas interativas e comunicativas como uma das mais relevantes técnicas. Assim, ao se avaliar programas e projetos, visando a recomendação de soluções para os problemas e impasses identificados, deve-se levar em conta as evidências da observação e da descrição, elementos cruciais da atividade etnográfica. E, se é a partir dos encontros e relacionamentos que extraímos a compreensão e explicação das experiências humanas, que se dão no mundo da vida, no mundo do trabalho, no mundo do entretenimento e da arte, então, somente poderemos extrair as evidências necessárias para compreender os contextos destes relacionamentos, a partir das análises das dinâmicas que marcam esses encontros.

- A filosofia da pesquisa etnográfica repousa na “doutrina” que compreende a vida e a existência social como localizadas e resultantes no fato mais óbvio: o encontro e o relacionamento. E é nesse e desse encontro que emergem todas as formas de negociação, solidariedade, valores, redes, transmissão, trocas, simbologias e cerimônias, conflitos, compartilhamentos, etc.

- Segundo Braga (1988), no processo de investigação, deve-se levar em consideração não só o que é visto e experimentado, como também o não explicitado, aquilo que é dado por suposto, ou seja, de uma colocação geral, supostamente entendida, vai se subtraindo questionamentos, até que tudo fique explícito. A linguagem é um ponto importante a se considerar, pois somente o autor da sentença pode dar a dimensão exata, o conteúdo e as razões de suas colocações, já que são as experiências que definem o conteúdo significativo da sentença.

- As realidades sociais, quando estudadas sob a ótica de um sistema considerado padrão, são distorcidas, não levando em consideração as culturas de grupos na construção dos significados. Enquanto a etnologia estuda o significado da vida diária, a etnografia procura descrever esses significados (Braga, 1988). Para Segovia Herrera (1988), o método etnográfico tem a finalidade de desvendar a realidade através de uma perspectiva cultural.

- Para Bernardi (1974) são quatro os fatores essenciais da cultura: “o anthropos, ou seja, o homem na sua realidade individual e pessoal; o ethnos, comunidade ou povo entendido como associação estruturada de indivíduos; o oikos, o ambiente natural e cósmico dentro do qual o homem se encontra a atuar; o chronos, o tempo, condição ao longo do qual, em continuidade de sucessão, se desenvolve a atividade humana”.

- Segovia Serrera (1988) e Lüdke & André (1986) citam Wilson (1977), para quem a pesquisa etnográfica fundamenta-se em dois conjuntos de hipóteses sobre o comportamento humano:

a) a hipótese naturalista-ecológica, que afirma ser o comportamento humano significativamente influenciado pelo contexto em que se situa daí a necessidade de estudar o indivíduo em seu ambiente natural;

b) a hipótese qualitativo-fenomenológica, que determina ser quase impossível entender o comportamento humano sem tentar entender o quadro referencial dentro do qual os indivíduos interpretam seus pensamentos, sentimentos e ações. Desta forma, o pesquisador deve exercer o papel subjetivo de participante e o papel objetivo de observador, a fim de compreender e explicar o comportamento humano.

Sobre a metodologia da Pesquisa Etnográfica, pode-se dizer que:

- Segundo Lüdke & André (1986), para verificar se um estudo pode ser chamado de etnográfico, “verificar se a pessoa que lê esse estudo consegue interpretar aquilo que ocorre no grupo estudado tão apropriadamente como se fosse um membro deste grupo". Os mesmos autores apresentam ainda os critérios para utilização da abordagem etnográfica propostos por Wolcott e resumidos por Firestone e Dowson (1981):

 1) o problema é redescoberto no campo e, assim, o etnógrafo deve evitar definições rígidas e apriorística de hipótese, pois, ao mergulhar na situação, o problema inicial da pesquisa deverá ser revisto e aprimorado;

2) o pesquisador deve realizar a maior parte do trabalho de campo pessoalmente, pois a experiência direta com a situação em estudo permite um contato íntimo e pessoal com a realidade estudada;

3) o trabalho de campo deve permitir uma longa imersão na realidade para entender as regras, costumes e convenções que governam a vida do grupo estudado;

4) o pesquisador deve ter tido uma experiência com outros povos de outras culturas, pois o contraste com outras culturas ajuda a entender melhor o sentido que o grupo estudado atribui às suas experiências;

5) a abordagem etnográfica combina vários métodos de coleta, sendo que os principais são: observação participante e entrevista com informantes. Entretanto, além destes, outros métodos podem ser usados, como os levantamentos, as histórias de vida, a análise de documentos, testes psicológicos, videotypes, fotografias e outros;

 6) o relatório etnográfico apresenta uma grande quantidade de dados primários, que permitem, além de descrições precisas da situação estudada, ilustrar a perspectiva dos participantes, isto é, a suas maneira de ver o mundo e a suas próprias ações.

- As autoras Lüdke & André (1986), descrevem também, três etapas para a realização da pesquisa etnográfica:

1) Exploração – envolve a seleção e definição de problemas, a escolha do local onde será feito o estudo e o estabelecimento de contatos para a entrada no campo. Nesta fase, são realizadas as primeiras observações com a finalidade de adquirir maior conhecimento sobre o fenômeno e possibilitar a seleção de aspectos que serão mais sistematicamente investigados. Essas primeiras indagações orientam o processo da coleta de informações e permitem formulação de uma série de hipóteses que podem ser modificadas à medida que novos dados vão sendo coletados.

 2) Decisão – consiste numa busca mais sistemática daqueles dados que o pesquisador selecionou como os mais importantes para compreender e interpretar o fenômeno estudado. Assim, os autores, citando Wilson (1977), afirmam que os tipos de dados relevantes são: forma e conteúdo da interação verbal dos participantes; forma e conteúdo da interação verbal com o pesquisador; comportamento nãoverbal; padrões de ação e não-ação; traços, registros de arquivos e documentos. Os tipos de dados coletados podem mudar durante a investigação, pois as informações colhidas e as teorias emergentes devem ser usadas para dirigir a subsequente coleta de dados.

 3) Descoberta – consiste na explicação da realidade; isto é, na tentativa de encontrar os princípios subjacentes ao fenômeno estudado e de situar as várias descobertas num contexto mais amplo. Deve haver uma interação contínua entre os dados reais e as suas possíveis explicações teóricas permitindo estruturação de um quadro teórico, dentro do qual o fenômeno pode ser interpretado e compreendido.

Os materiais de apoio utilizados nesta aula são:

BERNARDI, B. Introdução aos estudos etno-antropológicos: perspectivas do homem. São Paulo: Edições 70, 1974.

BRAGA, C.M.L. A etnometodologia como recurso metodológico na análise sociológica. Ci. Cult., v.40, n.10, out., 1988.

CLANDININ, D.J. & CONNELLY, F. M. (2000) Narrative Inquiry: Experience and Story in Qualitative Research. San Francisco: Jossey-Bass.

CONNELLY, F. M. CLANDININ, J.; Teachers as curriculum planners: narratives of experience. New York: Teachers College Press, 1995.

CONNELLY, M & CLANDININ, D.J. (2004). Narrative Inquiry. Complementary Methods for Research in Education. 3rd Edition, Washington: American Educational Research Association.

CZARNIAWSKA, B. (1997) Narrating the Organization: dramas of institutional identity. Chicago: University of Chicago Press.

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