Aula 09 - 06.10.2015

Dando continuidade às apresentações, o terceiro grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Histórica em forma de seminário. Considerando a apresentação do grupo e a leitura de alguns textos, destacam-se alguns pontos sobre esse tipo de pesquisa:

- A Pesquisa Histórica pode ser definida como pesquisa analítica, pois envolve o estudo e avaliação aprofundados de informações disponíveis na tentativa de explicar o contexto de um fenômeno. Também é o tipo de pesquisa que investiga eventos que já tenham ocorrido, utilizando métodos descritivos e analíticos. Em alguns estudos históricos, o investigador está propriamente interessado em preservar o registro de eventos e realizações passadas. Nesses estudos procura utilizar o método histórico-descritivo para mapear a experiência passada, localizar no tempo e espaço uma pessoa, uma tendência, um evento ou uma organização, a fim de providenciar respostas para questões particulares. Em outros estudos históricos, o investigador está mais preocupado em descobrir fatos que providenciarão maior compreensão e significância de eventos passados para explicar a situação presente ou estado atual do fenômeno estudado. Nesses estudos é utilizado o método histórico-analítico para abordar o evento na tentativa de encontrar informações sobre como o evento ocorreu, quem o provocou, porque foi provocado, quais as possíveis consequências atribuídas, entre outras

O quarto grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Participante. Considerando a apresentação do grupo e a leitura de alguns textos, destacam-se alguns pontos sobre esse tipo de pesquisa:

- As pesquisas qualitativas envolvem a observação intensiva e de longo tempo num ambiente natural, o registro preciso e detalhado do que acontece no ambiente e a interpretação e análise de dados utilizando descrições e narrativas. Desse modo, pesquisas qualitativas podem ser: etnográfica, naturalista, interpretativa, fenomenológica, pesquisa-participante e pesquisa-ação.

- Fals Borda (in Brandão, 1988), estabeleceu alguns princípios metodológicos da Pesquisa Participante começando com Autenticidade e Compromisso.
Autenticidade no sentido de produzir um saber que parte do saber do seu sujeito-objeto, constituído na prática comunitária, demonstrando com transparência e honestidade um compromisso com o saber a ser construído contribuindo com os princípios específicos da ciência sem a necessidade do disfarce como sujeito de origem da área delimitada para o estudo.
Outro princípio é o Antidogmatismo que busca romper com algumas ideias preestabelecidas ou princípios ideológicos. Para Fals Borda o dogmatismo é, “por definição, um inimigo do método científico”. Isso não implica dizer que o pesquisador não seja um sujeito ideologicamente identificado com uma proposta política. Mas sua intervenção não pode ser aquela da falsa consciência, de deturpação da realidade, que captam apenas pela aparência e não pela essência. A ideologia “é parte inevitável do negócio científico, ou no sujeito, ou no objeto, ou em ambos. A própria condição de sujeito cognoscente acarreta o reconhecimento de que ideologia é intrínseca na própria interpretação da realidade” (Demo, 2000).

- Por ser crítica-dialética, a Pesquisa Participante busca envolver aquele que pesquisa e aquele que é pesquisado no estudo do problema a ser superado, conhecendo sua causa, construindo coletivamente as possíveis soluções. A pesquisa será feita com o envolvimento do sujeito-objeto. O pesquisador não só passa a ser objeto de estudo, assim como os sujeitos-objetos são igualmente pesquisadores onde todos, pesquisador e pesquisados, identificam os problemas, buscam-se conhecer o que já é conhecido a respeito do problema, discutem as possíveis soluções e partem para a ação, seguido de uma avaliação dos resultados obtidos.

- Na Pesquisa Participante os saberes dos indivíduos construídos no cotidiano da vida comunitária é parte importante no processo de construção do conhecimento. 

- Esse tipo de pesquisa é, também, uma forma de praticar a ciência sem valores absolutos no conhecimento científico porque este varia conforme os interesses e objetivos dos indivíduos, ou grupo de indivíduos, envolvidos na construção e acumulação do conhecimento. Então, quem pratica esse tipo de pesquisa deve estabelecer uma comunicação diferenciada, de acordo com o nível de desenvolvimento político e educacional dos grupos de base daqueles que fornecem a informação. Nada de linguagem rebuscada, erudita, que foge à compreensão dos indivíduos envolvidos na pesquisa. A comunicação deve ser simples para ser acessível a todos e todas. O pesquisador deve aprender a ouvir os discursos com diferentes sintaxes culturais e adotar a humildade daqueles que desejam aprender a aprender.

-Para entender claramente a Pesquisa Participante é preciso reconhecer que o problema a ser conhecido para ser solucionado tem origem na própria comunidade e a finalidade desse tipo de pesquisa é a mudança das estruturas com vistas à melhoria de vida dos indivíduos envolvidos (Demo in Brandão, 1994; Minayo, 2004; Fals Borda in Brandão, 1988). Neste caso, pesquisador é aquele que teve formação especializada, mas também se estende aos indivíduos do grupo que participa da construção do conhecimento, tendo como princípio filosófico a conscientização do grupo de suas habilidades e recursos disponíveis.

O quinto grupo a se apresentar escolheu o tema Pesquisa Documental. Considerando a apresentação do grupo e a leitura de alguns textos, destacam-se alguns pontos sobre esse tipo de pesquisa:

- Segundo Gil (2008), a Pesquisa Documental é muito parecida com a bibliográfica. A diferença está na natureza das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. Além de analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos, instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras interpretações, como relatórios de empresas, tabelas etc.


- Segundo Santos (2000), a Pesquisa Documental é realizadas em fontes como tabelas estatísticas, cartas, pareceres, fotografias, atas, relatórios, obras originais de qualquer natureza (pintura, escultura, desenhos, entre outros), notas, diários, projetos de lei, ofícios, discursos, mapas, testamentos, inventários, informativos, depoimentos orais e escritos, certidões, correspondência pessoal ou comercial, documentos informativos arquivados em repartições públicas, associações, igrejas, hospitais, sindicatos.

- Para Ludke e André (1986), a análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema.

Os materiais de apoio utilizados nesta postagem são:

-BORDA, O. F. Aspectos teóricos da pesquisa participante: considerações sobre o significado do papel da ciência na participação popular.  In: BRANDÃO, C. R. (Org.).  Pesquisa Participante. 7 ed. São Paulo: Brasiliense, 1988.

-BRANDÃO, C.R.; BORGES, M.C. A pesquisa participante: um momento da educação popular. 2007, v. 6, n.1. Disponível em: < http://www.seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/19988/10662>

-DEMO, P. Pesquisa e Construção do Conhecimento: metodologia científica no caminho de Habermas. Rio de Janeiro. Tempo Brasileiro, 2000.

-GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

-LUDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo, EPU, 1986.

-MINAYO, M.C.S. (org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 23 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 1994.

-Pesquisa Histórica e desafios. Disponível em: <https://pesquisahistoricaurca.wordpress.com/>

- SANTOS A.R. Metodologia Científica: a construção do conhecimento. 3 ed., Rio de Janeiro, DP&A, 2000.

- Tipos de pesquisa considerando os procedimentos utilizados. Disponível em: <http://www.ergonomia.ufpr.br/Tipos%20de%20Pesquisa.pdf>

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